quarta-feira, 30 de julho de 2008

Podcasting Sandália e Meia - Filmes de Guerra, Canções de Amor


Opa! Beleza pura? Apresento a vocês mais uma edição do podcasting "Sandália e Meia - Jornalismo musical e opinião". Desta vez eu falo sobre o disco "Filmes de Guerra, canções de amor" - lançado em 1993 pelos Engenheiros do Hawaii.

Gravado na sala Cecília Meireles, este foi o segundo álbum ao vivo do grupo - último com a formação Gessinger, Licks e Maltz.

O disco traz releituras de canções renomadas do trio, novos arranjos para músicas "lado B" e a participação de músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira em três faixas (arranjadas por Wagner Tiso). Além disso, o projeto "semi-acústico" conta com quatro canções inéditas.


Podcasting Sandália e Meia - Engenheiros do Hawaii (Filmes de Guerra, Canções de Amor)






"Filmes de Guerra, Canções de Amor"

01 - Mapas do Acaso
02 - Além dos Outdoors
03 - Pra Entender
04 - Quanto Vale a Vida
05 - Crônica
06 - Pra ser Sincero
07 - Muros & Grades
08 - Alívio Imediato
09 - Ando Só
10 - O Exército de um Homem Só
11 - Às Vezes Nunca
12 - Realidade Virtual


"Os dias parecem séculos,
Quando a gente anda em círculos
Seguindo ideais ridículos
De querer, lutar e poder

As roupas na lavanderia,
O analista pesseando na Europa
As encomendas da Bolívia
E na foto um sorriso idiota

Os dias parecem séculos
E se parecem uns com os outros
Como enfermeiras nos filmes de guerra
E violinos nas canções de amor..."

Maicou...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Lei seca não atinge a música


De uns tempos pra cá não se fala em outra coisa, a não ser na "danada" da lei seca. Como todos já devem saber, foi estabelecida a tolerância zero ao motorista que consome bebidas alcoólicas antes de dirigir.

Muitas dúvidas ainda existem. De um lado há os que defendem a lei, de outro os que são contra e também há os que argumentam por uma reformulação na legislação. Mas não é bem sobre isso que vou falar hoje.

A música tem inúmeros exemplos de artistas que adoram uma cervejinha ou outra bebida alcoólica. Reza a lenda que o conhaque ajuda a esquentar a voz, além de que, uma boa bebida pode ajudar na desenvoltura do artista.

Certa vez, eu participei de um festival de bandas e levei minha lata de cerveja para o palco. Entre uma música e outra eu dava um gole na "cerva", até que com a empolgação, causada pela resposta do público ao show, eu levantei o braço com a lata na mão.

No fim da apresentação, um dos jurados comunicou que não gostou da atitude e que iria tirar ponto da banda. Ele acredita que o consumo de bebida alcoólica não pode ser feito antes, nem durante as apresentações. Como seria se uma espécie de "Lei Seca" fosse implantada no cenário musical?



Pinga - Pato Fu




Zeca Pagodinho é um dos principais representantes da classe de artistas que gostam de uma cervejinha. Aliás, a lista é enorme e é formada por nomes como Chico Buarque, Rodrigo Amarante e passa pelos rapazes da banda Cachorro Grande.

Fora os artistas que bebem, o que não faltam são canções que fazem referência ao consumo de bebidas alcoólicas. "Eu que não bebo pedi um conhaque pra enfrentar o inverno", "Eu bebo sim... e tô vivendo. Tem gente que não bebe e tá morrendo" e "se eu quiser fumar eu fumo, se eu quiser beber eu bebo". Tomando a última música como referência, as coisas não são mais assim.

São inúmeros os exemplos - no Brasil e no exterior. Vai do samba, passa pelo axé, pelo rock, pelo pop e chega ao setanejo . Aliás, em 1997, um grupo de artistas deste gênero protagonizou uma campanha publicitária de uma determinada cerveja.



Os Amigos - Bavária






Não sei se vocês que estão lendo isso fazem a mesma referência, mas eu não consigo deixar de lembrar da música "Polícia" dos Titãs. Não, ela não fala sobre bebida, mas sobre a corrupção na polícia, do abuso do poder e da autoridade, coisa que muito se vê hoje, ainda mais com o advento da "lei seca".

"Dizem que ela existe
Prá ajudar!
Dizem que ela existe
Prá proteger!
Eu sei que ela pode
Te parar!
Eu sei que ela pode
te prender!

Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia

Dizem prá você
Obedecer!
Dizem prá você
Responder!
Dizem prá você
Cooperar!
Dizem prá você
Respeitar!...

Voltando à idéia central do "post", uma música que também faz referência ao álcool chama-se "Bebendo Vinho". A canção é um sucesso do grupo paulistano "Ira!" e em uma possível "lei seca" da música ela seria parada, sopraria no bafômetro e seria acusada. Hoje em dia, devemos beber no máximo um suco de uva.


Bebendo Vinho - Ira!




Outra referência musical do gênero "música alcoólica" é o poeta Vinícius de Morais. Não é segredo pra ninguém que ele gostava de um bom whisky, aliás, ele e seu amigo Tom Jobim. Respeitado internacionalmente, o "poetinha" se apresentou no espetáculo "Musicalmente" consumindo uma boa garrafa de whisky.

Acompanhe duas canções deste espetáculo. A primeira é uma homenagem a ele "Samba pra Vinícius" e a segunda chama-se "Vai levando". Toquinho, Miúcha e Tom Jobim o acompanham na apresentação. Um brinde à boa música!






"Poeta, meu poeta camarada
Poeta da pesada,
Do pagode e do perdão
Perdoa essa canção improvisada
Em tua inspiração
De todo o coração,
Da moça e do violão, do fundo,

Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinícius, velho, saravá

...

Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama

Mesmo com todo o emblema, todo o problema
Todo o sistema, todo Ipanema
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa gema

Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa guia

Mesmo com todo rock, com todo pop
Com todo estoque, com todo Ibope
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando esse toque

Mesmo com toda sanha, toda façanha
Toda picanha, toda campanha
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa manha
Mesmo com toda estima, com toda esgrima
Com todo clima, com tudo em cima
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa rima

Mesmo com toda cédula, com toda célula
Com toda súmula, com toda sílaba
A gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula!"

Maicou...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Madrugada independente




Olá galera de casa, senhoras e senhores, meninas e rapazes, hoje eu vou falar sobre o programa altas horas. Calma lá. Na verdade vou comentar uma coisa que já está virando uma constante no programa exibido pela rede globo, na madrugada de sábado pra domingo.

De uns tempos pra cá, o apresentador Serginho Groisman abriu espaço para vários artistas da cena independente. Músicos e bandas condenados às divulgações "boca a boca" e por canais culturais e educativos - lê-se "Alto-falante" da Rede Minas.

Um dos grupos em questão é o "Vanguart" e sua inabalável fé nos sinais de trânsito.





O curioso é que Serginho se coloca como uma espécie de caçador ou descobridor de talentos, numa incessante tentativa de se apresentar como padrinho destes músicos. Um exmplo foi com relação à aparição da monissilábica Mallu Magalhães em seu programa.

Fenômeno na internet, a adolescente apareceu para a grande mídia num sábado de madrugada - "Puxa vida, nem pra ser no Faustão? Pensando bem, ainda bem que não foi no Faustão!".





Apesar de eu questionar a postura de Serginho, eu valorizo a oportunidade que ele e sua produção dão ao público brasileiro de conhecer outros artistas. Muito embora é natural questionar por quê esses músicos só têm oportnidades na madrugada - Vide o programa "Som Brasil" da mesma emissora.

Os últimos a serem apresentados por Groisman foram os velhos de guerra "Móveis Coloniais de Acajú". Eles puderam mostrar um pouco da "feijoada búlgara" e animaram a platéia. Valeu Serginho, mas vê se não deixa esse pessoal pro final do programa.






"Por você aprenderia
Esperanto e traria
Gorbatchev para uma série de palestras
Na casa da minha tia
Onde todos beberíamos chá
Na cada da minha tia
Fofocando sobre a Perestroika

Por você escreveria
Um livro sobre o insólito
Um almanaque simples, óbvio
Guia completo do amor
Uma enciclopédia do utópico
Um dicionário do amor

E em cada verbete
Um singelo lembrete:
“Em sua companhia quero estar”
Quero te ver de corpete
Te guiar num Corvette
E seguir sem destino pra chegar
Minha intuição não me engana
Você faz-me ser tão Copacabana
E o inferno lembrar
Fim de semana

Por você a Babilônia
Seria ali na esquina
E o Mar Mediterrâneo, uma mísera piscina
Cercada de cerca viva
Isolando nosso condomínio
Cercada e bem protegida
Pros Paparazzi não poderem olhar
Por você lecionariaIôga, Tai-Chi, terapia
Se a fizesse feliz e distendida
Buscaria em shopping centers
O elixir do Marajá
Comeria perdiz e ananás
Se estivesse prestes a te beijar

E em cada verbete
Um singelo lembrete:
“Em sua companhia quero estar”
Quero te ver de corpete
Te guiar num Corvette
E seguir sem destino pra chegar
Minha intuição não me engana
Você faz-me ser tão Copacabana
E o inferno lembrar
Fim de semana"

Maicou...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O sonho de ser "Vagabundo"


Vou escrever hoje sobre um disco bastante elogiado pela crítica especializada, mas que não repercutiu muito na “boca do povo” - falo do projeto
"Vagabundo".

Este disco, lançado em 2004, juntou o consagrado intérprete Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede, o último além é alguns anos mais novo, além de ser meu sósia.

O álbum traz uma riqueza fantástica de arranjos e releituras de músicas aclamadas. Com fortes traços regionais - como o maracatu e o baião - e marcante influência do samba, o disco “Vagabundo” é um trabalho maravilhoso e não é exagero.

As palavras até escapam na hora de descrevê-lo. Quem me apresentou a obra foi meu amigo Renan Cacossi, um flautista de “mão cheia”. No primeiro momento me interessei por músicas que já me eram mais íntimas como “Assim assado” e “Caio no Suingue”.

Mais tarde, ouvindo o segundo fruto do projeto, o cd “Vagabundo – ao vivo”, percebi a complexidade do trabalho, o capricho na execução e na escolha do repertório, além da sintonia entre todos os “vagabundos”. Não tem muito o que descrever e sim escutar.

É possível fazer o
download do disco, mas é fundamental privilegiar o disco original e o direito autoral. Portanto, baixe o álbum e se gostar compre-o quando possível.

Taí uma amostra deste projeto, a produção da música “Vagabundo”. Vale muito à pena conferir.





Este é o repertório do disco ao vivo:

01- A Ordem é Samba
02- Fazê o Quê?
03- Transpiração
04- Interesse
05- Soul
06- Assim Assado
07- Noite Severina
08- Balada do Louco
09- Vagabundo
10- Caio no Suingue
11- Jesus
12- O Mundo
13- Sangue Latino
14- Fé Cega, Faca Amolada

Curioso como este trabalho foi tão pouco valorizado ou divulgado, talvez tenha faltado algum “tribalista” no meio – “fazê o quê né?”.

Acompanhem o video da música “O Mundo”, composição de André Abujamra. Eu não gostei muito da montagem de fotos não, mas a canção é excelente.





"O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano e italiana
O mundo filé milanesa
Tem coreano, japonês e japonesa

O mundo é uma salada russa
Tem nego da Pérsia, tem nego da Prússia
O mundo é uma esfiha de carne
Tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire

O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
O açúcar é doce, o sal é salgado

O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente

Por que você me trata mal
Se eu te trato bem
Por que você me faz o mal
Se eu só te faço o bem

Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas
Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas"

Maicou...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nx Zero, o Simple Plan brasileiro?


Resgato uma brincadeira do blog sandália e meia chamada “Fulano, o cicrano brasileiro”. A história é a seguinte: como a mídia brasileira tem a mania de comparar os músicos daqui com os estrangeiros, eu procuro os correspondentes tupiniquins aos artistas e às bandas de fora.

Em meio à onda EMO, eles são uma banda de rock super vaidosa. Cabelos cuidadosamente penteados, gel, chapinha, franja, piercing e roupas pretas formam uma espécie de neo-gótico/pop/de grife. Já ia me esquecendo do lápis nos olhos e do esmalte preto nas unhas.

Suas músicas falam de dor, do sofrimento, da perda do grande amor. São canções tristes mas que fazem muitos acharem graça. A impressão que dá é de que eles sofrem muito, não conseguem ficar com nenhuma menina e, outras vezes, parece que nem gostam de mulher, mas isso é outro papo.

Eles são um reflexo da geração EMO, são idolatrados por adolescentes dos 12 aos 16 anos, dizem que fazem rock e muitos acreditam nisso. Vocês sabem de quem estou falando? Seria o NX Zero o Simple Plan brasileiro?


Razões e Emoções



Welcome to my life



Vocês podem tirar as suas conclusões, mas que eles capricham na maquiagem, na cara de sofrimento e são cuidadosos com o cabelo isso não dá pra discordar.

Além de mim



Shut up




"Não olhe para mim fingindo não saber
Quem realmente sou
Se nada está tão bem, só estou perdendo tempo
Só me responda agora
Eu te fiz feliz?
Fiz feliz?
Todo esse tempo que esteve aqui
Eu te fiz feliz?
Fiz feliz?
Responda...

Tantas vezes você precisou e eu não pude ver
Nada além de mim
Eu não deveria me explicar nem voltar atrás
Pra te convencer que foi só no início

Não fale de nós dois como se fosse fácil
Jogar tudo pro alto
Se nada está tão bem, só estou perdendo tempo
Só me responda agora...
Eu te fiz feliz?
Fiz feliz?
Quando ninguém estava aqui
Eu te fiz feliz?
Fiz feliz?
Se lembra

Tantas vezes você precisou e eu não pude ver
Nada além de mim
Eu não deveria me explicar nem voltar atrás
Pra te convencer que foi só no início

Eu nunca mudei, eu só não estou igual
Ao que conhece
Não tente me entender
Tente ver além do que passou
E por favor responda...

Tantas vezes você precisou e eu não pude ver
Nada além de mim
Eu não deveria me explicar nem voltar atrás
Pra te convencer que foi só no início"

Maicou...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

"Músicas intermináveis"


Outro dia eu estava tocando violão com uns amigos meus e o violão foi rodando de mão em mão, as músicas foram passando, até que alguém começou a tocar a canção "Caleidoscópio" dos Paralamas do Sucesso.

O barato dessa música é que a galera pode fazer o solo de metais com a boca, além de ser uma letra curta e simples - todos cantam juntos. Mas é aí que mora o perigo. Todos cantam juntos, mas ninguém sabe ao certo a hora que ela acaba, nem quantas vezes se repee o verso.

É nesse momento que um infeliz começa: "quem vai pagar as contas desse amor pagão...". Nessa hora a música tem que seguir e o coitado do violeiro vai levando a canção doido pra finalizá-la.




No grupo destas músicas que são quase impossíveis de se terminar estão "Agamamou" do Art Popular, "Mais que Nada" de Jorge Benjor, "Trem das Onze" dos Demônios da Garôa e "Preta Pretinha" dos Novos Baianos.




"Enquanto eu corria
Assim eu ía
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca...
Por minha cabeça não passava
Só! Somente
Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser
Só! Só!
Somente
Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser
Só! Somente
Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser
Só! Só!
Somente
Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser...

Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca...

Abre a porta e a janela
E vem ver o sol nascer...(6x)

Eu sou um pássaro
Que vivo avoando
Vivo avoando
Sem nunca mais parar
Ai Ai!
Ai Ai! Saudade
Não venha me matar
Ai Ai!
Ai Ai! Saudade
Não venha me matar
Ai Ai! Saudade
Não venha me matarAi Ai!
Ai Ai! Saudade
Não venha me matar...
Lhe chamar!"

Maicou...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Como enfermeiras nos filmes de guerra e violinos nas canções de amor"


Puxa vida! Tem um bom tempo que eu não comento a respeito de um disco dos Engenheiros do Hawaii, ainda mais daquele que é um dos meus favoritos - "Filmes de Guerra, Canções de Amor. O álbum foi lançado em 1993 e, entre os fãs, é praticamente uma unanimidade.

O disco é um registro ao vivo sensacional e não pára nisso. É uma gravação semi-acústica bastante diferenciada do formato acústico MTV. A sala Cecília Meireles foi o ambiente escolhido para este show dos Engenheiros - na época Gessinger, Licks e Maltz.

Mas vamos ao que interessa. O disco - que leva o título de uma música do LP "A Revolta dos Dândis", 1987 - mistura o popular ao erudito. Com traços de pop/jazz, blues e bossa nova; guittaras semi-acústicas, percussão e orquestra, o álbum revisa o repertório de toda a engenharia hawaiana.

Gessinger volta às suas origens guitarrísticas, mas não ao Ska do LP "Longe demais das Capitais". O Alemão faz bases de guitarra, toca acordeon em "Pra ser sincero" e piano em "Ando Só", "O exército de um homem só" e "Refrão de um bolero" - a última ficou fora do disco, mas fez parte do VHS e, atualmente, do DVD.

A primeira música faz parte do grupo das inéditas e se chama Mapas do Acaso.




A guitarra de Augusto Licks é primordial nesse álbum. Não que nos outros não fosse, já que muitos afirmam que depois de sua saída a banda perdeu muita qualidade, mas nesse disco ela deu o ar da graça. Com solos precisos e improvisos sensacionais, Augustinho consegue emocionar a todos, como na faixa "Pra entender".

Com uma bateria minimalista, Carlos Matz supreende muita gente. O público que se acostumou com as apresentações cheias de energia e a bateria agrassiva de Maltz, viram o baterista mais contido. Em algumas faixas, ele toca percussão, mas sempre com o mesmo cuidado, a mesma preocupação com os detalhes e com um ótimo resultado.

Pra entender:




Quanto vale a vida é outra música inédita do "Filmes de Guerra" e no clipe da canção a gente vê a banda brincando, Clara Gessinger (ainda bebê) aparece nos braços do pai, Licks tira os óculos (sua marca registrada) e toca gaita.

Uma marca do show são os tapetes e no clipe de "Quanto vale a vida" uma grande peça fica ao fundo dos músicos - não posso dizer se é persa pois não entendo nada disso. A singela faixa fala daquelas coisas da vida que não tem preço, já que pra todas as outras, pelo visto, exite Mastercard.




"Você que tem idéias tão modernas é o mesmo homem que vivia nas cavernas". Com essa provocação, a música "Crônica" ganhou destaque. Neste álbum ela é lapidade e ganha uma sofisticação, talvez, impensada na época do LP "Longe demais...".

O solo de Augustinho, no fim da canção, é sensacional e constrói um final de "perder o fôlego". O clipe é formado de imagens gravadas na turnê da banda no Japão e funciona para ênfatizar a contradição expressa na música. A relação antitética entre o primitivo, o rústico e o moderno, o refinado.




Uma das faixas que mais chama a atenção dos fãs é "Ando Só". A música, originalmente, pertence ao álbum "Várias Variáveis" de 1991 e foi gravada com instrumentos elétricos.

No "Filmes de Guerra", ela surge com Gessinger ao piano e uma orquestra acompanhando. Desta maneira, a bela letra ganhou um mercido destaque, sem falar no "clima" que os violinos e os demais instrumentos eruditos dão.

Em seguida, "O exército de um homem só" ganha um arranjo, também orquestrado. Nesta versão, Gessinger mescla as partes 1 e 2 desta canção do disco "O papa é pop", de 1990.




O exército de um homem só:



Encerro com as seguintes declarações: "O som deste disco está lindo", diz (impressionado) Carlos Freitas, engenheiro de remasterização do álbum. Já Gessinger afirma - "É o melhor disco do Augustinho, é onde ele está mais inteiro".

Infelizmente, esta pérola da música popular brasileira não recebeu a atenção merecida em uma época em que a crítica especializada baseava suas opiniões no grunge de Seatle e se viu, em seguida, órfã ou viúva de Kurt.


Às vezes nunca:




"Tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar
pra amores secretos, revistas semanais
e deputados federais
às vezes nunca sei
se "AS VEZES" leva crase
às vezes nunca sei
em que ponto acaba a frase (.,;?!...)
você sempre soube (eu não sabia)
toda frase acaba num riso de auto-ironia
você sempre soube (eu não sabia)
toda tarde acaba com melancolia
e, se eu escrevesse "SEM" com "S",
ou escrevesse "CEM" com "C"?
?por acaso faria alguma diferença?
?que diferença faria?
?o que você faria no meu lugar......
se tivesse pr'aonde ir e não tivesse que esperar?
?o que você faria se estivesse no meu lugar......
se tivesse que fugir e não pudesse escapar?
você sempre soube que eu não conseguiria
quando a frase acaba tarde, tudo fica pr'outro dia
você sempre soube, eu não sabia
toda tarde acaba em melancolia
às vezes não entendo minha própria letra
minha própria caneta me trai
às vezes não entendo o que você quer dizer
quando fica calada
você sempre soube (eu não sabia)
quando a frase acaba o mundo silencia
às vezes não entendo onde você quer chegar
quando fica parada
é como ficar esperando
cartas que nunca vão chegar
não vão chegar com "X"
nem vão chegar com "CH"
é como ficar esperando
horas que custam a passar
enquanto ficamos parados,
andando pra lá e pra cá
é como ficar desesperado
de tanto esperar
olhando pela janela
até onde a vista alcançar
é como ficar esperando
cartas que nunca vão chegar
é como ficar relendo velhas cartas
até a vista cansar
você sempre soube
eu não sabia
você sempre soube
eu não sabia"

Maicou...